ATA DA SEXAGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 20.06.1990.

 


Aos vinte dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sexagésima Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Décio Schauren, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, João Dib, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Mano José, Nelson Castan, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha e Adroaldo Correa. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Vicente Dutra que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata Declaratória da Qüinquagésima Nona Sessão Ordinária e da Ata da Qüinquagésima Oitava Sessão Ordinária, que foram aprovadas pela unanimidade dos Senhores Vereadores presentes. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Artur Zanella, 01 Pedido de Providências; pelo Ervino Besson, 02 Pedido de Providências; 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Gert Schinke, 01 Projeto de Resolução nº 23/90 (Processo nº 1198/90); pelo Ver. Giovani Gregol, 01 Projeto de Resolução nº 24/90 (Processo nº 1199/90); pelo Ver. Isaac Ainhorn, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 75/90 (Processo nº 1244/90); pelo Ver. Luiz Machado, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 70/90 (Processo nº 1224/90); pelo Ver. Mano José, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Valdir Fraga, 03 Pedidos de Providências; 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 15/90 (Processo nº 1261/90). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 26/90, do Gabinete do Governador; 30/90, da Prefeitura Municipal de Parobé; 50/90, da COBAL; 159/90, da Secretaria da Educação e Cultura do Estado; 179/90, do BANRISUL; 182/90, da Câmara Municipal de Gravataí; 1529/90, da Câmara Municipal de Tupã; 371/90, do Sr. Prefeito Municipal; s/nºs, da Sra. Valesca de Assis; do Sr. Pedro Gonçalves da Silva; Cartões do Sr. Pedro Bisch Neto, da Srª. Iara Silvia Lucas Wortmann; da Irmã Nely de Souza Capuzzo. Após, o Sr. Presidente informou que o período de Grande Expediente da presente Sessão, face a Requerimento, aprovado, do Ver. Antonio Hohlfeldt, seria destinado a comemorar a passagem dos setenta anos de Relações Diplomáticas entre a Polônia e o Brasil, suspendendo os trabalhos às quatorze horas e vinte e três minutos, nos termos do artigo 84, II do Regimento Interno. Às quatorze horas e trinta e um minutos, constatada a existência de “quorum”, foram reabertos os trabalhos e o Sr. Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Sr. Andrzej Kopaczeivski, Cônsul da República Popular da Polônia no Rio Grande do Sul; Sr. Altair de Lemos, representando o Cônsul da República do Peru no Rio Grande do Sul; Sr. Zenon Vicente Galecchi, representando a Sociedade Polônia; Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário da Casa. Após, o Sr. Presidente pronunciou-se acerca do evento e concedeu a palavra ao Ver. Antonio Hohlfeldt que, em nome da Casa, discorreu sobre a vinda de famílias polonesas ao Rio Grande do Sul, resultante de um movimento imigratório que cresceu após a Segunda Guerra Mundial. Teceu comentários acerca da presença polonesa no Brasil, seja através da imigração, seja através do estabelecimento de relações diplomáticas entre os Governos Polonês e Brasileiro. Em continuidade, foi ouvido número musical apresentado pelo Conjunto Folclórico da Sociedade Polônia de Porto Alegre, sob a regência do Maestro Vanda Hamerski. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Sr. Andrzej Kopaczeivski que discorreu sobre as relações diplomáticas existentes entre o Brasil e a Polônia e agradeceu a homenagem hoje prestada pela Casa. Às quinze horas e quatro minutos, o Sr. Presidente agradeceu a presença de todos, convidando as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e suspendeu os trabalhos, nos termos do artigo 84, II do Regimento Interno. Às quinze horas e seis minutos, constatada a inexistência de “quorum” para a reabertura dos trabalhos, o Sr. Presidente declarou encerrada a presente Sessão, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelo Ver. Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário deste Legislativo, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após ter sido distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão.

Comunicamos ao Plenário que o período do Grande Expediente desta data é dedicado a comemorar a passagem dos 70 anos de Relações Diplomáticas entre a Polônia e o Brasil, a Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt.

Vamos suspender os trabalhos por alguns minutos para constituirmos a Mesa e convidarmos as autoridades e amigos que ocupem os espaços, para acompanhar este evento, junto aos Vereadores.

Os trabalhos estão suspensos por cinco minutos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h23min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h31min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.

Passaremos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O período de Grande Expediente está dedicado a homenagear os 70 anos de Relações Diplomáticas entre a Polônia e o Brasil, a Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt, aprovado pela unanimidade desta Casa.

Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário os convidados e personalidades presentes.

À Mesa tomarão lugar: o Sr. Andrzej Kopaczeivski, Cônsul da República Popular da Polônia no Rio Grande do Sul; o Sr. Altair de Lemos, representando o Cônsul da República do Peru no Rio Grande do Sul; e o Sr. Zenon Vicente Galecchi, representando a Sociedade Polônia.

Registramos, com prazer, a presença do ex-Deputado Francisco Nab.

Há anos atrás, precisamente entre 1918 e 1921, foi proclamada a República Independente da Polônia, neste mesmo período, a situação social do País é apaziguada e promulgada sua constituição.

Renascia a Polônia no campo das artes e das ciências.

É nesta época que as relações diplomáticas entre aquele País e o Brasil estreitam-se. O comércio das duas Nações assume um real valor.

A grande leva de imigrantes poloneses que chega ao Brasil impulsiona o desenvolvimento de regiões menos férteis. São quase 25.000 descendentes de poloneses trabalhando em prol da economia e progresso do nosso País.

Passamos a palavra ao nobre Ver. Antonio Hohlfeldt, autor da proposição, que falará em nome de todos os Partidos.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Exmo Sr. Presidente, Valdir Fraga; meu prezado companheiro Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário da Casa; Sr. Andrzej Kopaczeivski, Cônsul da República Popular da Polônia no Rio Grande do Sul; Sr. Altair de Lemos, representante do Cônsul da República do Peru no Rio Grande do Sul; Sr. Zenon Vicente Galecchi, representando a Sociedade Polônia; Professora Esther Grossi, Secretária Municipal de Educação; Senhores Vereadores, meus senhores e minhas senhoras especialmente nossos convidados na tarde de hoje.

(Lê.): “Quem olha para o mapa do Rio Grande do Sul depara, na região serrana do nordeste, com o caudaloso Rio das Antas, cujo inicial curso de água, do leste para o oeste, na medida em que se afasta da cabeceira, se vai dirigindo para o sul. Em seu longo percurso, marca o limite entre o Município de Vacaria e o de Caxias do Sul, de Antônio Prado e o de Flores da Cunha, o de Veranópolis e o de Bento Gonçalves, além do de Guaporé. De Caxias do Sul até Santa Teresa, prensado de ambos os lados por altas montanhas, o Rio das Antas forma um vale profundo e, ziguezagueando, desliza suas turvas águas por um leito acidentado, produzindo murmúrio bravio. O rio é orlado de montanhas numa extensão de dois a três quilômetros”.

Assim descreve João Ladislau Wonsowski, a região do Rio Grande do Sul em que os imigrantes poloneses, a partir de 1875, e, sobretudo, a partir de 1890, vieram a ocupar, quando, deixando sua pátria, sob ocupação russa e prussiana, dirigiram-se, dentre outros países, ao Brasil, para o RS. Essa região do sul, que ficou conhecida como os “Cafundós do Rio das Antas”, por certo, causou enormes sacrifícios, dores e arrependimento aos imigrantes aqui chegados, mas nem por isso desistiram. No livro dos padres capuchinhos, Bernardin d’Apremont e Bruno de Gillonay, escrito no início do século, pode-se registrar a fixação de cerca de 3.450 famílias de imigrantes poloneses, o que, num cálculo médio de seis pessoas por família, significava a existência de 20 mil pessoas, de Ijuí a Porto Alegre, passando por Antônio Prado, Alfredo Chaves, Pelotas, Santo Antônio e, sobretudo, a capital. Estima-se que até 1914 havia cerca de 150 mil poloneses radicados no Brasil, número que subiu em cerca de 1/3 após a Segunda Grande Guerra. Desde o século passado é provável que mais de 800 mil poloneses tenham imigrado para o Brasil por motivos os mais diversos, e aqui dado a sua importante contribuição

Os poloneses, em que pese seu isolamento geográfico e cultural sobretudo mercê do idioma diferente do falado no Brasil, desde logo trataram de organizar-se na nova terra, de sorte que formaram suas escolas, que antes da Primeira Guerra chegavam a 73, e à época do Estado Novo a 349, quando a política brasileira interna proibiu o aprendizado de idioma estrangeiro nas escolas nacionais, ao mesmo tempo em que criava e desenvolvia sua própria imprensa, como é o caso da Gazeta Polonesa, em Curitiba, a partir de 1892, ou Correio do Paraná, em 1897, podendo-se calcular em mais de 60 títulos os jornais até agora publicados no Brasil no idioma polonês.

Mais do que o aspecto cultural coletivo, a integração e colaboração do polonês, no Brasil, tem sido marcante, devendo-se lembrar, por exemplo, que o chamado Pai da Topografia Brasileira é polonês, o geólogo Aleksander Babinski, que fez levantamento de áreas da Floresta Amazônica; outro, o médico P. Ludwig Napoleon Czerniewski, que teve o nome simplificado para Czernovitz, tornou-se o autor da primeira enciclopédia médica brasileira, sendo homenageado pelo Imperador D. Pedro II, e não há brasileiro que não tenha ouvido falar, ou lido, em algum romance, ou almanaque, a menção ao médico que ia consultar no Czernovitz, a identificação de tal ou qual doença. O nome do enciclopedista tornou-se, na verdade, um sinônimo e até um substitutivo à menção da obra enciclopédica por ele desenvolvida. A primeira via férrea ligando São Paulo a Santos também foi construída por um polonês Bronislaw Rymkiewicz. E o médico polonês Waclaw Radecki foi responsável pelo primeiro Instituto de Psicologia criado no Brasil. Por fim o entomólogo polonês Czeslaw Biezanko é o responsável pela propagação no Brasil da difusão do cultivo do soja hoje amplamente reconhecido, sobretudo no Sul.

Em síntese, poder-se-ia multiplicar aqui nomes e contribuições específicas de poloneses radicados entre nós, mas ao lado destas iniciativas há outras não menos importantes que de certa maneira motivam a Sessão Solene desta tarde, pouco antes de um importante jogo de futebol em que o Brasil decide sua classificação final. Quero referir-me à fundação em 1922, da Câmara de Comércio polonesa-brasileira em Varsóvia e a sua congênere brasileira em 1934, sediada no Rio de Janeiro e da qual resultaria, inclusive a participação da Polônia, na Feira Internacional do Rio de Janeiro, no mesmo ano, com a presença de 27 empresas polonesas.

Em síntese há dois tipos da presença polonesa no Brasil. Um menos formal, no sentido do que dependeu, fundamentalmente, da vontade e da coragem de homens e mulheres anônimos, diante da terrível situação vivida pelo seu país, e que está tão bem retratada no romance “O Tambor”, de Günther Grass, emigraram para muitas partes do mundo, dentre as quais o Brasil. Outro mais formal, o estabelecimento das relações oficiais entre as duas nações, antecedidas por algumas posições muito claras e objetivas nos diferentes governos brasileiros, tanto durante o Império quanto na República, a favor da Independência da Polônia. Por exemplo, em 1907, na Conferência de Haia, Rui Barbosa em nome do Brasil, defendeu a Independência Polonesa, da mesma forma que em 1917, o Governo Brasileiro formulava, com absoluta clareza, a necessidade de formalização de tal situação, repetida em 1918 pelo Ministro de Relações Exteriores Nilo Peçanha e que ocorreria, na sua concretização a partir da Conferência de Versalhes.

Assim sendo, não é de admirar que já em 1920 - e eis a data que estamos a comemorar nesta tarde - Polônia e Brasil estabelecessem relações formais diplomáticas, primeiro em nível de legação, transformada em embaixada logo depois. Em que pese alguns momentos críticos, como o período posterior a 38, em que o Estado Novo impediu o ensino de idiomas estrangeiros no País e a Segunda Grande Guerra, Polônia e Brasil desenvolveram permanentes relações diplomáticas e comerciais, o que evidentemente iria-se consubstanciar numa excelente balança comercial. Café e minério de ferro foram os produtos tradicionalmente exportados pelo Brasil à Polônia, que por sua vez enviava ao Brasil, sobretudo componentes de ferro e produtos industrializados para estrada de ferro. Vale aqui a menção que os jornais de ontem e de hoje trazem a respeito de um dos maiores navios brasileiros que se encontra no porto de Porto Alegre fabricado na Polônia.

Também tem se multiplicado as relações através das visitas oficiais tanto quanto de personalidades populares, seja o Líder do Sindicato Solidariedade, seja Luiz Inácio Lula da Silva a partir de 1980. E afinal de contas é de se registrar que Walesa a tornar-se liderança política na Polônia, também no Brasil Lula viria a tornar-se a primeira grande liderança política do Brasil nesta mesma época.

Hoje a Polônia experimenta profundas modificações sociais e políticas. Da mesma forma o Brasil busca profundas mudanças em sua estrutura social e financeira. É difícil, evidentemente, prever-se o futuro e conseqüentemente o resultado do desafio que cada uma das duas nações desenvolve. O que não é difícil de se garantir, contudo, é que, independentemente do regime político ou da liderança política que estiver à testa das administrações nacionais, o Brasil e a Polônia deverão prosseguir a sua tradição de permanente convívio e intercâmbio político, econômico, social, cultural com amplas vantagens para ambos os povos.

Sinto-me, Sr. Presidente, Sr. Cônsul polonês, Srs. convidados, Srs. Líderes de Bancada que me conferiram a honra de falar em nome da Casa como um todo, extremamente orgulhoso e com humildade de ter encaminhado por sugestão do Dr. Edmundo Gardolinsk Jr. o pedido desta Sessão Solene, como descendente de imigrantes alemães aqui chegados a partir de 1924, como estudioso das colonizações e migrações do nosso Estado e do nosso País, sinto-me orgulhoso de ter sido incumbido da apresentação deste requerimento e desta Sessão Solene que marca uma data que é importante para o Brasil e também para o Rio Grande do Sul.

Os poloneses de hoje escolheram um descendente alemão para uma homenagem de descendentes de todas as nacionalidades que constituem esta Casa, de todas as classes, de todos os credos e formações político-ideológicas que representam neste Legislativo e isso tem um sentido amplo e profundamente significativo.

Efetivamente a relação da Polônia, através de seus filhos e descendentes de seus filhos, perduram no País que não apenas defendeu o direito a uma nacionalidade polonesa como se dispôs a receber os filhos daquela nação em seu seio recebendo deles, por seu lado, profunda contribuição. E, nesse sentido não quero encerrar as minhas palavras sem lembrar, uma vez mais, o nome de um descendente polonês que mais de perto fala à cidade de Porto Alegre, o do Engº Edmundo Gardolinski, aquele a quem devemos o desenho e a concretização da chamada Vila do IAPI, na cidade de Porto Alegre. Por outro lado, não se pode esquecer, em termos de Rio Grande do Sul, a figura estupenda do Sacerdote Alberto Victor Stavinski, se não bastara seus excelentes trabalhos sobre a imigração polonesa no nosso Estado, ainda nos lega um estupendo dicionário “Vêneto Sul-Rio-Grandense”, que encontra repercussão tal que inclusive na Itália, neste momento, se estuda a tradução deste texto para a divulgação naquele País.

Descendentes de um território permanentemente disputado por grandes forças políticas e militares da Europa, os poloneses tornaram-se cidadãos do mundo e onde quer estejam terminam por tornar-se ponto de contato, de encontro, de compreensão entre povos e culturas diversas. No Brasil, não foi diferente. Motivo pelo qual, num momento de encruzilhada tão difícil quanto fascinante para nossos povos e para o mundo como um todo, uma sessão especial como esta em homenagem aos 70 anos de relações diplomáticas e comerciais entre o Brasil e Polônia é oportuna. É de se lembrar que foi pelo comércio que Portugal descobriu a América e antes dele a Veneza de Marco Pólo e chegaram até a Ásia. E também através do comércio e das relações diplomáticas que a amizade polonesa e brasileira se amplia e consolida, numa maneira simples e objetiva de se encurtar distâncias e descobrir diferenças que são profundamente enriquecedoras e contribuem para a paz mundial. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos agora à apresentação do Conjunto Folclórico da Sociedade Polônia de Porto Alegre, sobre a regência da Professora Vanda Hamerski, apresentando o Hino do Imigrante Polonês e a Canção Folclórica “O Sol se põe”.

 

(Ouve-se o Conjunto Folclórico.)

 

O SR. PRESIDENTE: Os nossos cumprimentos ao Conjunto, bela apresentação.

Nós concedemos a palavra ao Cônsul Andrzej Kopaczeivski.

 

O SR. ANDRZEJ KOPACZEIVSKI: Sr. Presidente da Câmara Municipal, Ver. Valdir Fraga; Srs. Vereadores, Senhores e Senhoras. As relações diplomáticas entre a República da Polônia e os Estados Unidos do Brasil foram estabelecidas no dia 27 de maio de 1920.

O Brasil foi um dos primeiros países que reconheceram e travaram as relações diplomáticas com o Estado polonês, renascido em 18 de novembro de 1918, após 123 anos de subjugação à Rússia, Prússia e o Império Austro-Húngaro. No Palácio do Cadete realizou-se a audiência especial da entrega de credenciais do enviado extraordinário e Ministro Plenipotenciário da Polônia, Conde Francis Xavier Orlowski, a Sua Excelência o Senhor Presidente dos Estados Unidos do Brasil, Epitácio Pessoa.

Cabe lembrar, neste momento, que, no final da 1ª Guerra Mundial, o Ministério das Relações Exteriores dirigiu as notas diplomáticas aos Estados-membros da vitoriosa coalizão nos quais o Governo brasileiro demonstrava a necessidade de restabelecer a Polônia independente. O Brasil tornou-se a segunda pátria para muitas centenas de milhares de poloneses, foi um País onde, no século XIX, emigrantes poloneses, sobretudo camponeses, colonizaram novas regiões e com enorme esforço contribuíram para a criação da agricultura brasileira. O Brasil recebeu cordialmente os chegados, entre eles encontravam-se também engenheiros, médicos e cientistas com méritos para o Brasil. Os poloneses sempre, em cada país, encontraram-se nas fileiras das forças que lutaram pela libertação nacional. Os nomes dos soldados recrutados na colônia polonesa no Rio Grande do Sul, em 1918, podemos encontrar entre os combatentes pela liberdade na Polônia durante a 1ª Guerra Mundial.

A participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial e sua posição política estará sempre presente nos corações poloneses como uma prova de luta pela liberdade. Os soldados da Força Expedicionária Brasileira, ao lado do quarto corpo e do quinto exército americano, assim como os soldados poloneses, participaram nos combates pela libertação da Itália da ocupação nazista até obter uma grande vitória.

Após a 2ª Guerra Mundial, as relações entre os dois países foram retomadas no dia 15 de setembro de 1945. Durante setenta anos que passaram desde a data histórica do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, consolidaram-se vínculos de amizade mútua, nos princípios de igualdade dos direitos, confiança recíproca e não-ingerência nos assuntos internos. As relações políticas entre os dois governos e Estados desenvolveram-se positivamente. Também as relações entre o Parlamento da República da Polônia e o Congresso Nacional do Brasil tem uma longa tradição. Ambos os Parlamentos contribuem muito para o desenvolvimento e fortalecimento da cooperação mútua, bem como para o intercâmbio em diversas áreas das relações entre os dois países.

A visita da Delegação do Parlamento polonês com seu Vice-Presidente Jerzy Ozdowski ao convite do Presidente do Senado Federal, Senador Humberto Lucena, em março de 1988, foi um acontecimento político importante nas relações entre os dois Parlamentos e os dois Estados. Foi decidido neste encontro a convocação de grupos interparlamentares para os contatos entre os dois Parlamentos. O Grupo Brasileiro Interparlamentar Brasil - Polônia no Congresso Nacional foi formado em maio de 1988, e o grupo similar no Parlamento polonês, em fevereiro de 1989. O Presidente do grupo brasileiro é o Senador João Meneses. Seu Presidente de honra é o Senador Humberto Lucena.

A Polônia mantém com o Brasil vivas relações econômicas e comerciais que datam dos primeiros anos após a 1ª Guerra Mundial. A cooperação econômica apresenta as possibilidades de crescente expansão. Também os contatos e intercâmbios no campo da ciência e da cultura têm longa tradição. No início dos anos sessenta, foram assinados dois acordos sobre a cooperação científica e cultural. Um novo acordo sobre cooperação cultural está sendo preparado. Estão se ampliando gradualmente os contatos entre as universidades e instituições de pesquisa científica de dois lados. Está cada vez melhor o conhecimento mútuo na área da cultura e das artes. A literatura brasileira, a música, o cinema, a arquitetura, a tecnologia - são amplamente conhecidos na Polônia. As novelas brasileiras da TV têm um grande êxito na Polônia. Também a cultura polonesa - especialmente a música folclórica e o cinema - está cada vez mais conhecida entre os brasileiros. A Polônia está profundamente interessada no desenvolvimento, mais amplo possível, do intercâmbio e dos contatos entre ambos os países. Existe uma convicção de que ambas as nações devem conhecer melhor os valores das suas culturas, do seu desenvolvimento científico, assim como fortalecer os laços tradicionais que as unem. Os brasileiros de origem polonesa contribuem muito ao estreitamento das relações entre ambos os países.

Este ano a Polônia reconstruiu as instituições da democracia e está realizando as profundas transformações do sistema político e seus objetivos são a criação da moderna economia de mercado e as bases institucionais e legais para a democracia política. Ultimamente tiveram lugar as eleições livres para os órgãos autônomos locais que assumirão o poder em nível local. A Polônia está realizando a reforma da administração estatal, como também está preparando a nova Constituição. A coincidência dos pontos de vista sobre os problemas internacionais e as profundas transformações que se realizam na Polônia e no Brasil criam sólidos fundamentos para a cooperação entre os nossos países e no interesse do desenvolvimento pacífico da humanidade.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença de todos e convidamos as autoridades e personalidades que aqui compareceram para passarem à Sala da Presidência.

Declaramos encerrado o presente espaço e suspendemos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h04min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h06min): Estão reabertos os trabalhos da Sessão Ordinária.

Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à verificação de “quorum” para darmos continuidade aos trabalhos.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Não há “quorum”, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE: Encerramos os trabalhos da presente Sessão.

Comunicamos aos Srs. Vereadores que, a partir das l5h30min, os funcionários estão liberados, principalmente os que gostam de futebol.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h06min.)

 

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